sábado, 23 de novembro de 2013


Diz que hoje aconteceu uma coisa gira. Cheia de moral e assim. Aposto que o La Fontaine já fabulou sobre isto.
Ia eu no calhambeque, todo cumpridor do código da estrada, quando tive de parar num sinal vermelho. Aproveitei a oportunidade para oscular repenicadamente a minha senhora. O que eu fui fazer... O gesto enfureceu o senhor que seguia atrás de mim. Cegou-o de fúria. A partir desse instante passou a ser um homem numa missão. Como a zona era antiga, por isso de ruas estreitas e em mau estado, não lhe restou outra opção senão seguir-me até ter espaço para me tomar a dianteira. Fê-lo à distância - não regulamentar, parece-me - de sete centímetros. Seguíamos em alegre comboio, o senhor, eu e os quatro veículos à minha frente, quando a faixa alargou finalmente para uma espécie de berma; foi então que encontrou a oportunidade tão esperada: acelerou ruidosamente e encaixou-se entre o meu carro e a carrinha de caixa aberta que seguia à minha frente. Olhou para o retrovisor com um sorriso de triunfo e deu um toque no travão, brincalhão que era. Nesse instante a carrinha passou num buraco, soltou o ferrolho da porta da caixa e descarregou-lhe num divertido estrondo duas bilhas de gás no capot.
Estive para lhe perguntar se precisava de ajuda mas a duzentos metros havia outro semáforo e a minha senhora deve ser osculada de cinco em cinco minutos. Caso contrário falece um pinguim, e eu gosto à brava de pinguins.

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