terça-feira, 25 de fevereiro de 2014


Peço desculpa mas não estou em mim. Estou para aqui a fazer um esforço muito grande de contenção e análise mas todo o copo transborda numa altura ou noutra e o meu transbordou hoje de manhã.
Porquê?, interroga o surpreendido leitor. Porque vi pela primeira vez um pardal bebé, tão simples quanto isso. Perante isto é impossível manter que tudo está normal...
O que é que se passa afinal?
Porque é que nunca vemos pardais bebés?
Vivem escondidos durante toda a infância?
Como? Onde? Durante quanto tempo?
Este secretismo é mantido apenas pelos pardais adultos? Ou têm ajuda externa?
De quem? De que forma? Há quanto tempo?
E porquê esta escorregadela agora? Negligência pura ou ratoeira?
Estou tão perdido que tenho passado o dia na cama em posição fetal.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014


Muita horinha foi passada com estes dois de papo para o ar ao domingo. Uma das mais férteis criações da BD.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014


lit.

... mas querem lá eles saber disso só olham para a barriga, este ano a Amélia ficou sem vinte seis euros na reforma já viste tu vinte seis euros nem consegue comprar os remédios todos, o filho também não ajuda nada que desde que emigrou para a Espanha não lhe liga nenhuma aquilo é uma pouca vergonha lá com a espanhola e mais a empresa, estás-me a ouvir homem, o filho desapareceu e ela nem para os remédios tem já viste tu a desgraça podia ser eu naquela miséria, mas claro só cortam onde não devem para contruir estádios têm eles dinheiro
Arrumados na travessa de alumínio a torrada com manteiga, a sandes de queijo, os dois galões e o café cheio. Há penas que ninguém merece e se há coisa que os homens são é solidários entre eles. Olhou o velho com amizade e depois de os servir afastou-se em direcção ao colega, que observava do balcão.
... ela disse-me que o médico dela até é bom mas é muito careiro, outros que só sabem é roubar quem não tem, setenta euros por consulta imagina tu, quem é que pode, mas também já arranjei remédio que ontem na televisão foi ao programa um senhor que vai a casa e tem umas ervas indianas muito boas, não é médico mas é muito bom e fala muito bem, se calhar também te aliviava a vesícula que diz que são muito bons para a digestão, não achas César, também podias pedir ao teu irmão o telefone do cunhado dele para ver se me arranjava umas pomadas que isto continua inchado, olha lá, enfim também não paro de coçar mas o que é que se há de fazer se me dá comichão coço já dizia o outro
Os olhos vidrados no futebol estavam vidrados agora no anúncio a um desumidificador.
... queres mais um café, olha vou pedir-te um e se calhar também bebo e já fico aviada para o dia, claro que em excesso também faz mal porque põem um aditivo qualquer que entope as artérias ou estraga o fígado já não me lembro bem o senhor das ervas é que falou disso ontem, algumas são muito boas mas só em quantidades pequenas e com água fria que com água quente podem mesmo envenenar, já viste o que era chegavas a casa e encontravas-me estendida no chão com o chá espalhado na alcatifa... César?

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014


FNAC. Dezanove horas. Zona de leitura, várias cabeças mergulhadas em romances, guias turísticos e bandas desenhadas.
Aparece uma rapariguinha de escola falando naquele tom característico dos adolescentes, demasiado alto para as reais necessidades de comunicação. Várias cabeças espreitam por cima dos livros e um homem de meia idade, de ar distinto, dirige à esposa uma consideração desaprovadora
Se não têm a atenção de toda a gente derretem...
Concordando com a análise do marido, acrescenta num tom suave
O que explica a vestimenta imprópria.
A mãe da pequena está atrás do casal e abespinha-se. Fala alto e bom som acerca da injustiça daquela análise, perante a serenidade dos dois. Quando acaba a verrina é brindada pelo cavalheiro com uma das melhores frases dos últimos anos
Quando se vêem os grandes lábios da sua filha através das calças já estamos no domínio do insofismável, minha senhora.
Tive de controlar-me para não aplaudir.