segunda-feira, 1 de julho de 2013

 
O sentido de humor.
É isso.
É no sentido de humor dos outros que lhes sopeso o valor. Que lhes tiro as medidas à sensibilidade, à inteligência e ao carácter.
Há quem se impressione com o poder. A mim seduz-me a capacidade de fazer rir, o espírito pontudo, a articulação irónica de um predicado. Por mais extensa a colecção de símbolos de status a que alguém se dedique, se não for mordaz não me impressiona.
Num homem é coisa para estimular uma tertúlia noite adentro. Com um tinto em copo de balão na esplanada dum hotel ou a virar Frisumo e bolachas numa estação de metro. Pouco importa. É um daqueles prazeres de difícil descrição.
Numa mulher é coisa para estimular uma tertúlia noite adentro. Mas logo algo mais. Algo mais profundo se inicia aí. O sentido de humor de uma mulher cai-me em cima como ao Bocage a boca, os olhos e as mamas da amada.
O humor é uma coisa plural que se farta. Tende a amarrar-me aquele que surge com sprezzatura, que não é baixo, que versa de forma desnecessariamente articulada uma trivialidade qualquer. O que carece de senso, sendo literário.
Como qualquer pirâmide de valores que reja a nossa apreciação do próximo a que corooa o sentido de humor é obviamente contestável, mas porventura preferível a uma que premeie símbolos de status mais mundanos, como a fama ou o dinheiro. A menos que esse dinheiro tenha comprado um Ford GT40 de 64; nesse caso o próximo é obviamente o maior e nada do que eu disse atrás se aplica.

Sem comentários:

Enviar um comentário